No artigo anterior, vimos como a interpretação do tempo é determinante para atingir diversos níveis de expressão musical. E o aspecto essencial dessa determinante é basicamente a percepção. Então, a pulsação, o tempo são elementos internos do sujeito, ou seja, eles devem ser concebidos como "feeling", "swing" por onde o ritmo flutua. De outra forma, a música pode ficar "quadrada". Só para esclarecer mais um pouquinho, aquele "ritmo regular e constante" deve residir dentro do músico e não na música e vai prevenir a perda da "batida" sem prejudicar o controle rítmico que possui uma variedade infinita de interpretações.
Ao ter a pulsação e o tempo como elementos básicos da música, conclui-se que a música começa de dentro para fora. Ela está primeiro no sujeito, e depois se materializa em arte. Parece óbvio, mas quando estudamos música, principalmente teoria, pensamos em algo concreto e sedimentado que não dá vazão à criatividade e à liberdade de expressão.
Por lidar com aspectos mais básicos da percepção, a transformação de pulsação para "feeling", ou da sensação ao choque, vai depender de cada um. Então uma das sugestões é escutar muita música. Especialmente de grandes interpretes e compositores de qualquer época e estilo. Concentre-se apenas em um elemento da música para seguir, como o baixo, violino, ou voz e se abstenham de qualquer juízo de valor. Você poderá sentir resistência em ouvir estilos que normalmente não ouviria, mas lembre-se: a postura do músico não deve ser a mesma do ouvinte (que escolhe o que quer ouvir). O músico precisa se voltar para seu aprimoramento expressivo e criativo que consiste na obtenção de diversas habilidades, sendo a percepção apenas uma delas.
Você vai poder verificar a enorme distância que há entre percepção e expressão, o que é por vezes desanimador, mas por outro lado é a consciência necessária para enfrentar o trabalho de formiguinha do músico e também, ajudará na superação de desafios sem perder tempo e atingir níveis expressivos surpreendentes!
Para finalizar, não desmereça os aspectos mais simples da música, eles podem ser o que falta para o "pulo do "gato". No próximo artigo vou trazer muitos exemplos musicais para conversarmos de forma mais prática sobre expressão, pulsação e tempo!
Obrigada! E sucesso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário